Área tecnológica entra em campo

Copa do Mundo evidencia contribuição para sucesso do evento

Em breve, os olhares do mundo todo (em especial dos brasileiros fanáticos pelo esporte) estarão voltados para aquele que é o maior evento de futebol do planeta: a Copa do Mundo FIFA de 2022.
Nesta que será a sua 22ª edição, primeira a ser sediada em um país do Oriente Médio, o Catar, a inovação promete ser a principal marca dentro e fora dos campos. Os desafios e oportunidades para a área tecnológica começaram já na época da definição de nova sede, em 2010.
São muitos os exemplos de inovação tecnológica prometidos, desde o sistema de resfriamento sustentável nos estádios, os aplicativos de mobilidade urbana, as soluções de Internet das Coisas e conectividade em 5G até o uso de inteligência artificial para a marcação de impedimentos.
A influência da área tecnológica já pode ser notada na definição do período de realização do torneio: normalmente marcado para o meio do ano, o campeonato desta vez foi deslocado para o final do ano, entre 21 de novembro e 18 de dezembro.
A explicação para essa decisão inédita não poderia ser mais simples: as condições climáticas e meteorológicas do meio do ano naquela região de clima desértico, com temperaturas que podem chegar a 50 graus e ausência de chuvas, afetariam não somente o desempenho dos atletas como também a própria experiência dos turistas.
A experimentação científica nascida nos laboratórios das universidades também ganha espaço para o desenvolvimento de novas alternativas. Pesquisadores do Departamento de Engenharia Industrial da Universidade do Catar desenvolveram um projeto de nuvem artificial. A ideia consiste em drones com quatro grandes hélices sobrevoarem o estádio para dispersar um composto de gás hélio, formando nuvens para bloquear os raios solares e ajudar a reduzir a temperatura. No entanto, a novidade ainda depende de viabilização comercial e deve ficar de fora da competição deste ano.
Para além da atuação de meteorologistas e engenheiros industriais, outras modalidades ganham destaque no processo de preparação de um evento dessa magnitude, como a contribuição da Engenharia Civil e da Engenharia Elétrica para a construção dos estádios e a inventividade da Engenharia Mecânica na fabricação dos sistemas de climatização e de equipamentos esportivos, como bolas e chuteiras, sem esquecer os esforços dos profissionais da Agronomia para garantir gramados verdes (e eficientes) em pleno deserto.
Veja a seguir alguns dos principais exemplos da colaboração da área tecnológica para fazer da Copa do Catar um espetáculo inesquecível.

Nada disso faria sentido, no entanto, se os estádios não contassem com gramados suficientemente eficientes para suportar tanto impacto. “A grama precisa apresentar crescimento rápido e ser resistente ao pisoteio. Justamente por isso, o gramado nesses campos será híbrido, com 10% de grama sintética compondo o restante de vegetação natural”, explica a conselheira Eng. Agr. Gisele Herbst Vazquez, coordenadora adjunta da Câmara Especializada de Agronomia do Crea-SP e especialista em fitotecnia.

Mais da metade dos gramados dos estádios estão a cargo de uma empresa brasileira, a Greenleaf, que já cuidou do assunto na Copa de 2014. São quase 150 áreas verdes, entre campos de estádio e de treinamento, regularmente refrigerados e regados com água do mar dessalinizada.

“O engenheiro agrônomo participa de todas as etapas, desde a seleção do gênero, espécie e variedade de grama, e, por meio de melhoramento genético, desenvolve os materiais específicos para cada condição ambiental e demais necessidades”, esclarece a conselheira.

Leia uma reportagem completa sobre o assunto aqui.

Transporte e Mobilidade

Quase todos os estádios são interligados por linhas autônomas de metrô, meio de transporte que colabora para minimizar a emissão de gases poluentes. Haverá também um sistema para rastrear as melhores rotas para acessar cada ponto da cidade, o Qatar Mobility Innovations Centre – QMIC.

“A questão da mobilidade urbana foi pensada utilizando os conceitos de Engenharia para garantir um fluxo com poucas chances de congestionamento e saturação“, ressalta o conselheiro do Crea-SP Eng. Civ. Joni Matos Incheglu.

Ônibus elétricos – com zero emissão de carbono – serão colocados nas ruas para levar os fãs aos estádios e outros pontos de Doha, capital do Catar. Suas carrocerias possuem uma camada de isolamento de alta qualidade e as portas uma “cortina de ar” para manter o interior dos ônibus mais fresco.

Os novos trens de metrô em operação em Doha podem chegar a 100 km/h e funcionam de modo automatizado, ou seja, sem maquinista. Durante o período de realização da Copa do Mundo, 110 veículos devem circular, com intervalos de dois minutos no pico da demanda de passageiros.

Telecomunicações e Inteligência artificial

Outra aposta tecnológica será o uso da conexão 5G pela primeira vez em uma Copa do Mundo, o que promete garantir conectividade total para os cerca de 1 milhão de visitantes esperados no evento. Muitos dos avanços tecnológicos, aliás, estão interligados com o 5G.

A Copa do Catar também será a primeira a utilizar um sistema semiautomático que envolve inteligência artificial (IA) para marcar impedimentos, o que promete reduzir o tempo do VAR, sistema eletrônico de apoio à arbitragem.

Para isso, na cobertura dos estádios serão instaladas 12 câmeras, equipadas com recursos de machine learning, para filmar e rastrear até 29 pontos dos corpos dos jogadores durante toda a partida.

As bolas também terão um chip de geolocalização sensível ao toque. Com isso, as informações do posicionamento e momento do chute serão repassadas aos operadores do VAR como alerta para os juízes.

“Esta Copa ocorre em uma época em que o 5G está bastante latente, o que vai permitir uma interatividade bastante grande, tanto dos torcedores quanto dos órgãos de imprensa. Em consequência, há o VAR aperfeiçoado em relação às outras edições, visando uma maior transparência e potencializando as decisões sobre as próprias jogadas que vão ocorrer em campo”, destaca Joni.

Cidade Inteligente

Nascida praticamente do zero no meio do deserto, Lusail foi concebida para ser 100% uma cidade inteligente, tendo como base a tecnologia, a sustentabilidade e a mobilidade.

Na cidade, haverá trens, ônibus, ciclovias, táxis aquáticos, estacionamentos subterrâneos e rotas para pedestres. Cada distrito da cidade inteligente reúne serviços básicos, como escolas, mesquitas e comércios, reduzindo a necessidade de deslocamento e, com isso, a emissão de gases poluentes.

Recursos de IoT (Internet das Coisas) também serão testados. Uma das inovações será um sistema de gerenciamento de mobilidade urbana, no qual serão instalados diversos sensores pelas ruas para oferecer informações do trânsito, vagas de estacionamento ou horários de ônibus e metrô.

Lusail também desenvolveu um sistema automatizado de eliminação de resíduos: a rede de tubulações vai transportar o lixo dos prédios para estações de tratamento e reciclagem fora da cidade. O esgoto será tratado e reutilizado no resfriamento do distrito.

Pelas ruas, o Wi-Fi será gratuito e haverá câmeras de segurança e internet de fibra ótica com mais de 1GB de velocidade.

Saiba mais em:

https://gamarevista.uol.com.br/semana/ta-calor-ai/calor-extremo-copa-do-mundo-catar-2022/

https://www.tempo.com/noticias/actualidade/copa-do-mundo-qatar-2022-como-enfrentarao-as-altas-temperaturas-estadio-fifa.html

https://www.edificaconsultoria.com.br/post/catar-e-a-constru%C3%A7%C3%A3o-civil-inova%C3%A7%C3%B5es-e-controv%C3%A9rsias-que-arquitetam-a-copa-do-mundo-de-2022

https://www.uol.com.br/tilt/noticias/redacao/2022/07/06/impedimentos-rapidos-e-precisos-nova-ia-deve-ajudar-o-var-na-copa-do-mundo.htm

https://finchsolucoes.com.br/pt_br/copa-do-mundo-2022

https://br.bolavip.com/entretenimento/Conheca-as-inovacoes-tecnologicas-mais-surpreendentes-prontas-para-Qatar-2022-20220104-0108.html

https://vivomeunegocio.com.br/conteudos-gerais/inovar/catar-22/

Produzido pela Superintendência de Comunicação do Crea-SP

Reportagem: Jornalista Perácio de Melo – ECI/GCE/SUPCOM

Colaboração: Estagiários Dennis Pereira e Marcos Santos (pesquisa)

Fotos: Arquivo Crea-SP e Visit Catar/Unsplash.com